Eu sempre achei que nada acontece por acaso. Hoje, mais do
nunca.
Mesmo que na maioria das vezes a gente não consiga ligar os pontos.
Nem
tudo é tão óbvio como aquela história do homem que vivia sozinho numa fazenda
com um cavalo e um filho, e o cavalo fugiu. “Pode ser que sim, pode ser que
não...”
Tudo ficaria mais fácil se, a um acontecimento inesperado,
bom ou mau, se sucedesse outro, que justificasse o primeiro. O cavalo fugiu mas
voltou trazendo uma dúzia de cavalos selvagens, transformando um acontecimento
infausto, a fuga, numa benção divina.
Mas não é assim, não é mesmo?
Essa minha crença de que nada
acontece por acaso vem, na verdade, de uma frase da minha mãe, sempre que
alguma coisa que eu queria muito não acontecia: “não era pra ser...”, dizia ela.
Quando criança, a frase me irritava profundamente.
Como, assim, não era pra
ser? Quem disse? Quem sabia melhor do que eu o que era bom pra mim naquele
momento?
Coisas de criança, claro. Como toda criança, eu era profundamente
egoísta...
Com o tempo, o passar dos anos, as alegrias e frustrações da
vida, fui aprendendo que o que minha mãe dizia não era uma desculpa
conformista. Ao contrário. O que ela queria dizer, na sua amorosa simplicidade,
era para esquecer aquilo, “não era pra ser”, e correr atrás da vida, das coisas
que a vida ainda reservava pra mim, e que “eram pra ser...”.
Essa incerteza, do que é ou não é pra ser, é que faz a gente
viver, buscar o que a gente acha que é pra ser, mesmo que não seja pra ser. No
fundo, acho eu, não existe nada mais emocionante e motivador do que a incerteza.
E
nada mais gratificante do que descobrir que aquilo que não era pra ser não só não nos faz falta,
mas nos leva a buscar, e encontrar, o que realmente interessa...